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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Anos iguais

Foi tão estranho assim encontrar alguém sem pensamentos sujos e que quando abria a boca para dizer algo, era para enaltecer ou simplesmente dizer o quando gosta de você? Achei estranho parecer isso tão ruim, ao fazer uma introspecção pude notar que talvez uma vida suja e se não lavasse meus tênis e sapatos, poderia fazer você me notar. Onde a felicidade entraria na historia? Não teria nada com cara nova, se fosse assim, estaria fazendo tudo igual, sempre igual. A única inspiração que sempre é boa e quando sempre é melhor, é viver por amor.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

arrolando o testamento

a primeira deixo retratos quando garoto para sempre guardar o rosto angelical, amor ingênuo e curioso, primeiros erros que proporcionaram os outros que se sucederam. a segunda deixo as marcas da idade, acnes e a imaturidade do corpo ainda em desenvolvimento, o explorar o outro na escuridão da descoberta em baixo dos lençóis. a terceira a aventura de ir alem, experimentar sem medir consequencias, boas risadas e historias intensas. a quarta meus primeiros versos, rimas em a de suspiros contínuos e insuficiência de oxigênio para respirar, o sufoco de possessão de amor, a primeira comunhão, sucedida pela difícil separação. a quinta deixo minha leviandade ao acreditar que tudo pode durar para sempre ainda sem saber que o para sempre dura apenas o segundo do presente momento, fique para essa também as desculpas por dificultar, volta a ingenuidade dessa vez na forma de se pensar, imaturidade na maneira de agir, obrigado por você ter existido para mim. a sexta deixo como em uma mesa de bar, minhas melhores historias, minhas melhores risadas, minhas melhores atitudes ate então, deixo para ela a permissão de ir embora sem despedida e sem um motivo real para tal decisão. a sétima deixo a soma positiva do que adquiri ao multiplicar o bom senso e a forma de se relacionar, apos entender o amor a essa fica entregue toda a minha vontade, meu desejo. a oitava deixo o amor fugaz, intensa vontade, território sexual, o corpo entregue para seu deleite. a nona fica a subtração das desilusões, o mal feito pelo desfeito anterior, nostalgia que dominou e não permitiu seguir em frente naquele instante imperfeito de ser ter um amor. a décima guarde meu nome: Julio Andrade, caso tenha essa imensa vontade (assim como eu) de ter alguma lembrança do que aconteceu, ou ao menos lembrar o nome de com quem aquilo tudo se viveu. a décima primeira fica em segredo, o pecado, o crime sem vitima, sem vilão, o assalto em que tomamos os nossos corações. a décima segunda tens de saber que deixo minha espera de um regresso seu, doei minha vida, sem peso e sem medida, fica o dito pelo incerto da certeza que ainda lhe espero.
cada uma dessas divisões são partes de um todo único, os ponteiros de um único relógio marcando as horas de uma única historia, o plural em e para uma única pessoa. a esse instante deixo meu testamento dizendo que fui pro lado de lá, viver sabendo que para passa tempo o tempo tende a passar, fica o importante, intenso e o que tenho para oferecer. as lembranças, essas não ficam, essas esvaeceram. esse relógio vai pra marca de treze horas. espero agora apenas um papel em branco para endossar o meu destino, siga ele por onde for, com mais doze outras longas horas de muitas formas de amor.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

cantiga do patético trovador abandonado

hoje eu acordei de bem com você
sabia tudo o que eu deveria dizer
que o dia ao seu lado é tão lindo
não existe amor maior do que eu sinto

o que eu precisava era te encontrar
você foi embora, foi para outro lugar
agora eu fico tentando entender
onde foi que errei com você, se eu errei com você

eu faço tudo para te ver
sempre sorrindo e se envaidecer
talvez eu não consiga esconder
que para sempre secretamente
eu vou amar você.

domingo, 5 de dezembro de 2010

RIP

tem gente que salta de paraquedas, tem gente que engata uma relação na outra e tem gente que vai na zara todo final de semana.
o paraquedas pode não abrir, trem de relação pode ser uma repetição de erros e de parceiros com o mesmo perfil (ou não) e zara todo final de semana te fode o cartão de crédito.
tem gente que gosta de brincar com a morte.

(q.t.p.s)

domingo, 28 de novembro de 2010

Das coisas que eu entendo


Pratiquei por muito tempo o silencio, e agora quero falar tudo. Descobri porem que ninguém quer ouvir, nem quem precisava das minhas palavras quando me recusava dizer algo. Não falo sobre conselhos, mas também piadas, coisas casuais e principalmente sobre os meus sentimentos. Criei uma maquiagem e a mantive para ter por perto as pessoas que amo, hoje estão distantes e essa sempre foi uma facilidade indesejável e involuntária que sempre tive: ter distante quem quero por perto. Tem coisas na vida que se inicia e não tem volta. Permaneço em silencio, em verdade pouco apareço e menos falo. Posso mudar tudo e a espera do retorno destas pessoas terá um fim. Existem caminhos, existem escolhas, existe um eu que não é ou sou sem você. E quer saber, disso tudo eu sei. o que fazer? A confusão domina e cega, a ilusão ludibria e me afeta o discernimento.
A saudade é o grande moinho de vento que gera forças a minha vontade, sendo assim sigo adiante mesmo às vezes parado, só pra sentir a vida como ela é. O tempo passa e marcas de expressões surgem em meu rosto, as marcas no coração fazem as mãos tremerem e as lembranças fazem as lagrimas rolarem. A mudança vem em breve, mesmo que o fim da aflição não venha a ser superada. Mesmo que um outro amor não venha para curar. Mesmo que tenha que mudar sem mudar. Ao acaso esta lançada a sorte e eu sei que nada, nenhuma palavra, nenhum sinal, nenhuma busca encontrara você ali antes da saída. Você, vocês e eu são apenas historias que irei contar para eles, elas e para os dias que virão.

domingo, 21 de novembro de 2010

Vale de Sidin


Sem hesitação, sem demora, sem medir, sem a graça, você me deixou e disse: - agente se vê por ai. Esqueceu da existência da gravidade. Não se pode voar. Não tendo asas físicas todos nós pertencemos ao chão ou, ele nos mantém firmes aqui. Sem escapatória, sem questionamento. Escolheu assim, assim como se cai, eu caí e todos caíram também. Vamos todos em seu tempo abaixo de onde pisamos. Cuidado onde pisa, não vá pisar em ninguém.
A sete palmos um dia estaremos como um qualquer e o topo não será mais um lugar único. Igualdade de fato se tem apenas no sétimo andar. Até nos encontrarmos no subsolo irei insistir em me manter firme no térreo onde posso melhorar, escolher o melhor, dar o melhor, sendo isso melhor do que a desconformidade que é viver em torpor. Te vejo em breve sem aquele lindo rosto, mas já decomposto todas as células e sem as importâncias primordiais hoje em sua vida, essas que te fizeram escolher me perder pelo simples prazer de sentir prazer.
Ao lado de quem for, deitar-se-á sem escolha, sem hesitação, sem escapatória. Na proporção correta, questione se você será digno da graça, vale a pena esse caminho? Prefiro a serenidade da certeza apos a duvida, do que antecipar o caminho do certo incongruente e mal quisto, aquele inevitável a qualquer ser vivo, que nos aguarda desde o inicio em nosso destino. Permaneceremos juntos eternamente. Que "a terra [nos] seja leve."