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domingo, 28 de novembro de 2010

Das coisas que eu entendo


Pratiquei por muito tempo o silencio, e agora quero falar tudo. Descobri porem que ninguém quer ouvir, nem quem precisava das minhas palavras quando me recusava dizer algo. Não falo sobre conselhos, mas também piadas, coisas casuais e principalmente sobre os meus sentimentos. Criei uma maquiagem e a mantive para ter por perto as pessoas que amo, hoje estão distantes e essa sempre foi uma facilidade indesejável e involuntária que sempre tive: ter distante quem quero por perto. Tem coisas na vida que se inicia e não tem volta. Permaneço em silencio, em verdade pouco apareço e menos falo. Posso mudar tudo e a espera do retorno destas pessoas terá um fim. Existem caminhos, existem escolhas, existe um eu que não é ou sou sem você. E quer saber, disso tudo eu sei. o que fazer? A confusão domina e cega, a ilusão ludibria e me afeta o discernimento.
A saudade é o grande moinho de vento que gera forças a minha vontade, sendo assim sigo adiante mesmo às vezes parado, só pra sentir a vida como ela é. O tempo passa e marcas de expressões surgem em meu rosto, as marcas no coração fazem as mãos tremerem e as lembranças fazem as lagrimas rolarem. A mudança vem em breve, mesmo que o fim da aflição não venha a ser superada. Mesmo que um outro amor não venha para curar. Mesmo que tenha que mudar sem mudar. Ao acaso esta lançada a sorte e eu sei que nada, nenhuma palavra, nenhum sinal, nenhuma busca encontrara você ali antes da saída. Você, vocês e eu são apenas historias que irei contar para eles, elas e para os dias que virão.

domingo, 21 de novembro de 2010

Vale de Sidin


Sem hesitação, sem demora, sem medir, sem a graça, você me deixou e disse: - agente se vê por ai. Esqueceu da existência da gravidade. Não se pode voar. Não tendo asas físicas todos nós pertencemos ao chão ou, ele nos mantém firmes aqui. Sem escapatória, sem questionamento. Escolheu assim, assim como se cai, eu caí e todos caíram também. Vamos todos em seu tempo abaixo de onde pisamos. Cuidado onde pisa, não vá pisar em ninguém.
A sete palmos um dia estaremos como um qualquer e o topo não será mais um lugar único. Igualdade de fato se tem apenas no sétimo andar. Até nos encontrarmos no subsolo irei insistir em me manter firme no térreo onde posso melhorar, escolher o melhor, dar o melhor, sendo isso melhor do que a desconformidade que é viver em torpor. Te vejo em breve sem aquele lindo rosto, mas já decomposto todas as células e sem as importâncias primordiais hoje em sua vida, essas que te fizeram escolher me perder pelo simples prazer de sentir prazer.
Ao lado de quem for, deitar-se-á sem escolha, sem hesitação, sem escapatória. Na proporção correta, questione se você será digno da graça, vale a pena esse caminho? Prefiro a serenidade da certeza apos a duvida, do que antecipar o caminho do certo incongruente e mal quisto, aquele inevitável a qualquer ser vivo, que nos aguarda desde o inicio em nosso destino. Permaneceremos juntos eternamente. Que "a terra [nos] seja leve."

sábado, 20 de novembro de 2010

Escute aqui


Eu tenho muito amor para te dar, mas aqui não é lugar de ir e vir. No momento em que você me maltratar, aqui você nunca mais ira voltar. Mesmo sendo só seu nome que meu coração conseguira chamar, uma vez cruzada a linha do desamor, chorarei a vida inteira mas não sou criança, e nem tolero desrespeito, amor.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

na minha poesia

os seus olhos rímel com os meus

passos por cima


Andar de pés descalços dá aquela ilusão de poder andar livre do risco de tropeçar. Livre dos cadarços amarrados, livre do peso da borracha e pano, sentindo a temperatura e espessura do piso onde andamos. Há riscos de corte, queimaduras, mas a pele fica dura. Nesse instante criou-se a proteção. Posso calçar novamente, se algo acontecer mais à frente sei que com os pés no chão, vou conseguir passar por cima de qualquer desilusão.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

its so easy

tum acelerado
sentar bem do lado
abraço apertado
e tudo começa
com um beijo bem dado.

cura minha insônia com o cheiro forte do seu cigarro que eu sou um bom par. passa aqui em casa, vamos comer chocolate e assistir o horário político debaixo dos edredons.
o grande problema (e talvez a maior qualidade dela também) é que ela era aquela promessa de te tirar da vida mundana. tipo um meteoro incandescente que te leva pra outro mundo, um mundo onde as coisas são empolgantes.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

inferno parte 2 (ou despedida)

pensando freneticamente no porquê, ele alucinava numa realidade paralela. flutuava no passado e desistia do futuro. uma música constante na sua cabeça, chamava o nome de sempre num ritmo de dub, lento e repetido. com os olhos fechados ou abertos, a tentativa era em vão. desistiu e aceitou essa onda constante. era impossivel esquecê-la. aceitou. olhou pra cima. fechou os olhos e sorriu.

inferno parte 1

sabe do que eu mais sinto falta? do seu cheiro. depois que você foi embora fiquei sem coragem de lavar os lençóis de novo, porque eu não queria te perder completamente. era como se fosse uma parte sua que ainda estava ali, e que continuaria ali toda vez que eu me deitasse. isso acabou comigo durante muito tempo, porque eu acordava e sentia o seu cheiro e pensava que você ainda estava lá.

domingo, 14 de novembro de 2010

Contra fluxo


Acordo para cansar, durmo para repor o que ao longo do dia a decepção desgastou e ando para disfarçar que estou parado na vida, levado pela inércia dos anos e garantindo minha velhice nessa vida contra fluxo, vivendo de fluoxetina.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Tudo



Não quero falar sobre isso
sei que existe outro assunto
mas parece ser o mal do mundo
por mim nesse momento
fico todo mudo

Quando alguém vem falar comigo
não é outro assunto
parece ser o mal do momento
por mim nesse mundo
vou e mudo tudo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Narciso no lago em tarde chuvosa



Por ver mal, os olhos escureceram. Não adianta aumentar o grau, miopia não é o problema. Se vê pelo coração que permanece escuro, como seus olhos hoje pretos. Sem brilho, a vida, sem luz, os olhos, sem cor, as historias antes a colorir. Monocromático. Vista ofuscada. Promessas pontilhadas e incompletas. Tudo aleatório, piloto automático desprogramado. Por ser mal visto, escureceram os olhos daqueles que olhavam a você. Seus olhos permanecem pretos e contagiam ao redor.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

think

as vezes ela acha que é linda. quando anda e joga o cabelo. principalmente nessa parte. de vez em quando acha que é bonita. principalmente na parte em que olha com os olhos meio claros pra um lado, sem mexer a cabeça. acha que sorri lindamente, principalmente quando fecha os olhos. acha que é atraente, principalmente quando morde o canudo me olhando. ela acha que é tudo isso.
eu acho que é mais um pouco.
(q.t.p.s.)

ps: no final de O Silêncio dos Inocentes, Hannibal Lecter diz a Clarice Sterling: "O mundo fica mais interessante com a sua presença"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Seu vestígio



Parece que foi ontem quando eu vi, você antes de sair vestir azul, aquele seu vestido lindo azul rubi. Não quis acreditar, ao me dar conta hoje que fazendo as contas já foram mais de alguns anos só no ultimo mês sem ter você aqui para me acordar. Ainda sonolento, eu me lembro, olhar com olhos pequenos, seu perfil nu a sair da toalha apos o banho de despertar. Eu não quis acreditar. Parece que fui perfeito mas hoje sei meus erros, vivia a reclamar, não de ti mas das coisas fúteis da vida, coisas que não deviam prejudicar nosso relacionamento, mas não foi assim que pensou. Bastou uma piada para te levar para longe de mim, sorrindo aleatoriamente, isso e outra coisa, e do guarda roupas levou o vestido azul. Aquele que me lembro ver você vestir ao sair no dia em que pela ultima vez por essa porta saiu e nunca mais voltou. Um vulto azul rubi. Sem um precioso beijo de bom dia que pudesse guardar para o resto de minha vida.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

porque fingir não ser um poeta-boêmio-sofredor?

A salagem


Minha bolha, meu mundo, meu estúdio, meu escritório, minha sala, meu quarto, meu tudo, meu mundo, meu. Em sua companhia, o meu é todo seu também. Sendo assim, nosso tudo que se tem.

Senhorinha

A casa esta sempre arrumada. O corpo presente na cama, mas a mente viaja nos sonhos, desejos e imaginação. Abraça como travesseiro, idealizando sua companhia ideal. Questiona-se sobre a veracidade da existência de um ideal, não seria apenas uma lista no bloco de notas escritas a lápis facilmente apagada em qualquer mudança de pensamento? A fronha sempre esta limpa, não percebe quem a trocou. Dorme de boca aberta, babando aos delírios do subconsciente. Enquanto isso, deitada, esta ao lado em companhia da proteção. Amor o qual não fez por merecer, mas destina-se a lhe conceder todo e qualquer pedido. Aos oitenta e um anos, não dá valor às coisas que estão no devido lugar. Se nunca foi, menos agora poderá ser. Das alegrias que o acaso lhe proporcionou, entristece pelas ilusões que a tv lhe introjeta na sua mente. A casa continua arrumada, e de nada isso importa se o mundo lá fora não é como quando fecha os olhos e sonha. Ao abri-los, esquece de olhar ao outro lado da cama. Nunca esteve sozinha. Acha que é incompreendida, mas é apenas uma ingênua senhora menina.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

novembro

o que virá depois? - pergunto então para as luzes da janela atrás dos vidros, e me sinto reconfortado como se houvesse qualquer coisa feito um futuro à minha espera. e espero. espero. são coisas assim em que me pego pensando nessas tardes frias de dias de semana. sentado aqui no degrau gelado eu fumo um cigarro tentando pensar em nada-nada mesmo, tipo um lobo-uivando-para-uma-lua-nem-aí. e rio. e choro.
falava da escada, então vou começar por ela. ela é toda de mármore laminado, frio como a noite, num tom cinza-escuro misturado com preto e branco que forma um arabesque que se retorce degrau acima e degrau abaixo. daí tomo coragem e levanto a cabeça e olho pra rua e consigo ver as pessoas e as luzes da cidade e os carros passando numa velocidade vertiginosa que me faz querer vomitar. são meio cinzas quase transparentes, as pessoas, e os barulhos que elas fazem são estridentes remoendo e guinchando e murmurando nada que me apetece ouvir. conheço bem essas pessoas, e seus gritinhos. mas não quero me apressar. penso que se conseguir dar uma sequencia, terei que dar ordem e depois algum sentido. e penso junto. ou depois, não sei.
assim como se depois do chá fumasse lentamente um cigarro light, olhando para longe, aquecido pelo café e tranquilizado pelo cigarro, enlevado pelo longe e principalmente atento ao que virá depois deste momento. faz tempo que não tomo café, e controlo tanto os cigarros que, cada vez que acendo um, a sensação é de culpa, não de prazer, você me entende?
ah me desculpe. quando eu pergunto 'você me entende' não estou te chamando de burra mas preciso ter a certeza de que você esta olhando pra mim atenta e sorrindo ou não sem apagar esse cigarro que te traz pra mim toda hora. e pergunto pro azul-escuro da madrugada se toda vez que você vem, vem com um porquê. porquê. porquê. passo mal olhando pro horizonte e tento inutilmente desviar o olhar. inutilmente porque meu rosto fica próximo da janela e toda vez que me foco em outro lugar, me apoio nessa parede gelada-feito-madrugada e sento olhando pra esse tapete marrom-e-bege que me dá vertigem também.
dentro de mim, não consigo deixar de pensar que deve haver um sentido, um depois e quando penso nisso e como se alguma coisa se movesse dentro mim e fosse pra esse horizonte infinito nos telhados cinzentos, vestido de branco. nao sei porque exatamente branco, mas brilha. o vento faria esvoaçar o se cabelo cabelo e os panos, e num salto esse alguem dançaria e me puxaria daqui só de sorrir, abrindo essa janela que me prende
não, não diga nada, prefiro não saber que não. nem que sim. você me despreza por estar aqui assim parado? e outra vez, não diga nada. sei que nesse salto você me tiraria desse degrau só com o toque da ponta dos dedos e me levaria pra depois dessa escada, além dessa rua pra andarmos na calçada cheia de luzes. sei também que se você chegasse afastaria uma a uma essas pessoas cinzas e que gritam e me levaria pro conforto da cama do seu quarto, aquela que tem dois travesseiros e uma almofada cheia de bolinhas e a ficaríamos só nós dois sozinhos, deitados nas noites frias de julho, sem ninguém e nada.
queria pensar que é esse o sentido e é esse o depois. o 'volta pra mim', mas não sei se posso. há dias, como hoje, por exemplo, que mal consigo enxergar os panos dançando no horizonte. o dia está muito frio. quando a noite avançar, sei que me encontrará sentado no degrau. e depois que o cinza tiver se transformado em azu depois rosa e violeta e em azul profundo de novo, ainda estarei parado no centro daquela escad, ouvindo gritos e berros e guinchos estridentes e o riso das pessoas. chorarei então. muito alto, com todas as minhas forças, durante muito tempo. não sei se vai ser assim, ou se é assim. mas continuo aqui, sentado, esperando e fumando.

estadosextraordinários

quero ficar sóbrio, pensei. cansei desse porre de mentiras cruas e verdades cozidas, esse pesadelo em círculo que virou um vício. dou mais um trago e dessa vez senti uma queimação forte no peito. preciso parar com isso, e me refiro ao ciclo: o começo leva ao fim que leva ao começo de novo. preciso de outros lugares, de outras pessoas e de bebidas mais fortes. fui com o vento e o tempo passou sem sequer perceber pra onde ele me levou
e assim vou fazendo da minha vida um filme. às vezes eu procuro um roteiro no bolso, algo pra me guiar, pra saber qual a próxima cena. sinto que não sei minha própria fala. mais frequente ainda sou eu sem saber que personagem eu sou. às vezes me assisto. às vezes desisto. perco a direção sobre minhas próprias ações. é um filme estranho. não conheço o enredo, nem meu personagem. um filme só comigo. mudo. preto. branco. sem história. sem começo. sem meio. sem fim.

Vinte e Cinco

Vinte e Cinco é um filme de curta-metragem brasileiro de 2002, dirigido por Maria Ribeiro.

Quando sentimos o tempo pela primeira vez? Malu uma garota de 25 anos volta a Búzios para se despedir da casa onde passou a infância e a adolescência. Nesse relato nostálgico e bem estruturado, a personagem nos conta uma viagem anterior, cerca de um ano antes, quando foi ao casamento de um amigo antigo. Reencontra nessa ocasião as melhores amigas, relembra historias do passado, reencontra um amor antigo e durante essa narrativa reflete sobre o tempo que têm passado.

"Até os vinte anos, quando você é uma garota sem grandes preocupações, a vida é uma sucessão de... experimentações.
Você experimenta rapazes, se imagina de cento e trinta e sete formas diferentes no futuro, tem certeza de que seus amigos são pra sempre e espera tranquilamente a chegada do grande amor. Até que chega um dia que você é obrigada a parar de experimentar e começar a escolher, agora quando isso acontece exatamente..."

O curta inicia com um trecho de A companhia dos Amigos, de Rubem Braga: "ultimamente têm passado muitos anos", no plano de fundo a trilha segue ao comando magistral de Los Hermanos. Filmado sua maioria em búzios, no Rio de Janeiro, escrito e dirigido pela atriz Maria Ribeiro, que atua o papel de Malu e nos envolve em na historia desde sua primeira aparição no filme e em seus monólogos direcionados a nós, seus confidentes.

"Aos vinte e cinco eu percebi que eu já tinha feito escolhas, as minhas escolhas."

O curta metragem diverge em discussões a respeito da maturidade das personagens e o retrato “burguês” da sociedade, o que é irrelevante devido ao fato das personagens tratar na verdade do questionamento a respeito das escolhas que fazemos e o sentir que o tempo passa depressa. Sobre as coisas que deixamos para trás, as mudanças que vem com a passagem do tempo, as inquietações e perspectivas de futuro, Vinte e Cinco remete a qualquer pessoa, sendo um pouco sentimental ou não, a aquele pensamento sobre a saudade do tempo em que era feliz sem se ter dado conta disso.

Assistir:



Ficha Técnica

Gênero:
Ficção
Diretor: Maria Ribeiro
Elenco: Bárbara Paz, Maria Ribeiro, Micaela Góes, Sergio Abreu
Ano: 2002
Duração: 16 min
País: Brasil

Produção: Denise Garcia Fotografia: Paulo Violeta Roteiro: Maria Ribeiro, Monica Araújo Edição: Natara Ney, Marco André Lima - Guapuruvu Filmes Som Direto: Zezé D'alice Trilha original: Los Hermanos Empresa produtora: Toscographics Edição de som:Denilson Campos - Video Filmes

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

o fim e o começo

quando eu era menor, imaginava que num momento ou outro, o que era de valor pra mim seria substituído, seguindo o fluxo normal da vida. ledo engano. o cara que cantava "o tempo passa um dia a gente aprende" tinha toda razão. o tempo passou e as coisas mudaram. mudaram pra um não-sei-o-que-é-mas-é-melhor-que-antes. as férias passaram, nenhum novo amor veio e acordei do porre sem saber onde é que estava esse tempo todo. segui em frente sem saber bem onde estava. encontrei outro rei e juntos fizemos uma corte. e o cortejo prossegue.
as milhões de palavras ditas com enforço de pensamento perderam o significado. as bonitas histórias falsas ficaram pra além do esquecimento. o cortejo desfila e os reis se apresentam.