quero ficar sóbrio, pensei. cansei desse porre de mentiras cruas e verdades cozidas, esse pesadelo em círculo que virou um vício. dou mais um trago e dessa vez senti uma queimação forte no peito. preciso parar com isso, e me refiro ao ciclo: o começo leva ao fim que leva ao começo de novo. preciso de outros lugares, de outras pessoas e de bebidas mais fortes. fui com o vento e o tempo passou sem sequer perceber pra onde ele me levou
e assim vou fazendo da minha vida um filme. às vezes eu procuro um roteiro no bolso, algo pra me guiar, pra saber qual a próxima cena. sinto que não sei minha própria fala. mais frequente ainda sou eu sem saber que personagem eu sou. às vezes me assisto. às vezes desisto. perco a direção sobre minhas próprias ações. é um filme estranho. não conheço o enredo, nem meu personagem. um filme só comigo. mudo. preto. branco. sem história. sem começo. sem meio. sem fim.
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